Perdemos-te.
Desculpem estes dias mais afastada. Mas precisei de me afastar. De respirar.
Perdemos o meu avô. Ao fim de 16anos de luta, partiu para, espero, estar mais em paz.
E dói. Mas dói mais ainda ver a tristeza no olhar do meu pai. Um olhar de quem acaba de ficar órfão. De quem já não tem pai nem mãe. De quem sente que a vida tal como a conhecia, nunca mais será a mesma.
E, de verdade, ninguém nos prepara para ver os nossos pais sofrer. Ninguém nos prepara para, nestes momentos, termos que ser nós os "adultos", termos que ser nós a ter a força que eles precisam.
Importa estarmos conscientes de que fizemos tudo o que podíamos. Que ele sofreu o mínimo, mesmo nestas últimas semanas em que piorou, muito porque temos uma rede de Cuidados Continuados incrível e à qual nunca vamos conseguir agradecer.
Mas...porque há sempre um mas... Não ocnseguimos estar com ele nestes seus últimos dias. Não conseguimos dar-lhe um abraço e dizer-lhe que estava tudo bem, mesmo não estando. Não conseguimos susurrar-lhe que ficaria bem e que nunca o esqueceríamos. Não consegui dizer-lhe que passasse o tempo que passasse, nunca deixaria que o Francisco o esquecesse.
O COVID-19 tira-nos muita coisa. Mas esta é, com certeza, a mais difícil de entender e suportar.
(Avô, onde quer que estejas, um beijinho!)