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Nas Nuvens de Um Terceiro Andar

Qui | 08.09.22

O problema? Cumprir a hora de saída

Nuvem

Ontem, numa daquelas caixinhas de perguntas do instagram, perguntei quais eram os planos para o dia. Recebi uma resposta, de entre tantas, que me emocionou e me deixou triste: 

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E este é um problema neste país. Por coincidência, a Sónia falou também disto no seu instagram e tem partilhado relatos que são verdadeiramente tristes e chocantes. 

No meu entender, entrar e sair a horas são um direito e um dever de todos nós. Há que cumpri as duas coisas, e não sermos obrigados a sentirmo-nos mal por sair a horas. Há vida além do trabalho..aliás, a vida é para além do trabalho. Família, amigos, nós mesmos. Somos muito mais do que as 7/8h diárias de trabalho.

É inacreditável o número de pessoas que diz passar por isto e ter ficado em depressão, burnout ou ter de se despedir antes de chegar a isso. Em Portugal, as chefias continuam a achar que os bons trabalhadores são os que fazem inúmeras horas extra que, para além de não serem remuneradas, lhes tiram o tempo para a família, para os amigos, para viver. E, a meu ver, mesmo que até sejam remuneradas, o tempo para nós e para os que amamos não tem preço.

Não consigo entender. Mas sei o que é...já fui partilhando por aqui que desde há 4anos quando voltei a trabalhar depois de ser mãe, fiquei com horário de amamentação que se manteve até agora ficar novamente grávida. E, depois do primeiro ano do bebé, foram constantes as pressões por parte da chefia para deixar de usufruir de um direito legal - deixar de ter esse horário. Ressalvar duas coisas: nunca senti que o facto de trabalhar menos duas horas fosse menos produtiva que as minhas colegas (bem pelo contrário) e, pasmem-se, tanto chefia como colegas são mulheres e mães. As constantes piadas e "boquinhas" que ouvi foram deixando marcas até que percebi que ia assobiar para o lado e não ia deixar de fazer o melhor para mim e para o meu filho, por elas. Nem por ninguém. Conclusão:  quando veio a pandemia e sendo profissional de saúde, fui a única do serviço que tinha filhos menores mas a que não foi autorizada a ficar em casa... #semcomentários

 

Assim, a verdade é que a mentalidade é que tem de mudar. Mas nós, enquanto trabalhadores, também temos de pensar no que é melhor para nós. Sim, eu sei que há pessoas que não podem, infelizmente, fazer frente...mas então tentar procurar outro sítio para trabalhar. Porque nada nem ninguém pode ser superior a nós, à nossa saúde. E a saúde mental está, definitivamente, a ser descurada há muitos anos. 

Temos de deixar aquela ideia de que a saúde mental são os "maluquinhos" e pouco mais. Somos todos nós. Porque uma doença mental é tão ou mais grave que uma qualquer doença num órgão do nosso corpo. Porque se não estivermos bem mentalmente, como estamos sequer?

 

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